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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Luz, Câmera... Tiros e Morte

A violência gerada pela desigualdade social tem suas nuances exibidas nas telas do cinema. Eles superam a esfera do entretenimento para oferecer a sociedade de um modo geral, a realidade vivida pelas classes sociais esquecidas pelo poder público. 
Com essas palavras quero dizer da experiência que tive ao assistir o documentário dirigido por José Padilha, denominado "Ônibus 174", que relata os bastidores de uma tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, no bairro do Jardim Botânico e assistida pela televisão por milhares de pessoas, onde o desfecho não poderia ter sido mais cruel, com as mortes do criminoso Sandro do Nascimento e da professora Geísa Firmo Gonçalves.
Desde que comecei acompanhar o documentário, constatei diversos erros operacionais praticados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, demonstrando total falta de capacitação do comandante da operação e dos seus comandados, aliado as intervenções políticas do governador e secretário de segurança pública que, dos seus luxuosos gabinetes interviram na operação.
De acordo com os depoimentos dos reféns, aquela grande cena de cinema mostradas pelas câmeras eram frutos de encenações provocadas pelo criminoso, onde o mesmo, combinava com as reféns que, as mesmas encenassem situações de desespero, para que assim, fosse atendido nos seus pedidos para que soltassem as mesmas.
Diante do perfil e histórico do criminoso, aquela situação já estava desenhada, e com a cegueira do poder judiciário que, tinha um relatório completo sobre a vida social, econômica e psicológica de Sandro, não foi capaz de punir e tampouco oferecer ao criminoso condições de cumprir suas penas nas delegacias, tal qual uma delas é mostrada no documentário, sem a mínima condição de receber animais, imaginem pessoas, mesmo sendo foras da lei.
Também ficou evidenciado que, diante da super exposição do fato pela televisão, os policiais alegaram que tiveram chance de atirar no "ator principal" do filme, mas, como a massa encefálica seria espalhada, causando horror para quem estava assistindo, essa possibilidade foi vamos dizer assim descartada.
Finalizando, posso dizer que o diretor mostrou todos os lados da história: a falha do estado no treinamento dos policiais, a falta de comprometimento e de medidas eficazes para a inclusão social de menores de rua, a fragilidade humana, a exploração do caso pela imprensa e a vida de uma pessoa comum sem oportunidades na vida. Com tudo isso, fiquei em dúvida se o Sandro era o principal culpado do caso, ou se era a polícia, ou a imprensa ou o Estado. Este último que não oferece condições para que as pessoas tenham oportunidades na vida e se recuperem e, para que a polícia receba treinamento adequado.
E para vocês quem foi o culpado do início, meio e fim desse filme real?

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