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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma nova forma de educar

O educador português José Francisco Pacheco vê a educação como um processo coletivo e aberto, sem as delimitações de boletins, séries, provas, listas de chamada e toques para intervalo. O modelo vigente, segundo ele, está ultrapassado há 200 anos.  Através dessa visão libertária, nasceu há 36 anos em Portugal a Escola da Ponte, um projeto bem-sucedido e ousado que propõe uma total revisão do que se aplica habitualmente nas salas de aula. A experiência tem seus ecos no Brasil, e também em Natal. Pacheco veio à capital potiguar por ocasião do 6º Seminário Prazer em Ler, e aproveitou para discutir, de forma contundente, as ideias para uma nova forma de educar.

O trabalho proposto pela Escola da Ponte sempre provoca surpresa à princípio. No modelo português, não há séries, ciclos, turmas, manuais, testes e aulas. Os alunos são agrupados de acordo com interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa. Há estudos individuais, depois compartilhados com os colegas. Se há duvidas, o estudante pode recorrer a qualquer professor para saber a resposta, e caso este não saiba, é encaminhado a um especialista. Não há salas de aula, mas espaços educativos. Cada aluno procura pessoas, ferramentas e soluções, testa seus conhecimentos e convive com os outros. 

Os professores desse sistema, diferente das escolas tradicionais, não são responsáveis por uma disciplina ou por uma turma específica. Os próprios estudantes definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, individuais ou em grupo. Os alunos criam as regras de convivência que serão seguidas, incluídos educadores e familiares. As atividades são atreladas a três valores: liberdade, responsabilidade e solidariedade. 

Do Blog

Num país onde a educação pública é sustentada por interesses eleitorais e não há nenhum interesse que a população tenha acesso ao conhecimento, esse modelo dificilmente ou levaria anos para ser adotado em nosso país.

Lembro do projeto encabeçado por Paulo Freire que tentou democratizar a educação, onde, o alfabetizando não aprendia apenas o significado das palavras, mas o sentido sócio-político mais profundo que faria dele, através da leitura, compreender o mundo e questionar sua condição sócio-econômica.

E esse projeto foi abortado pelo golpe militar de 1964, sob alegações inconsistentes como subversiva, propagadora da desordem e do consumismo. As campanhas de alfabetização que tinham objetivos mais abrangentes do que a própria alfabetização foram totalmente expurgadas do cenário nacional.

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